As Mulheres no Mercado de Imagem – Entrevista com Maria Emilia Dinat

Maria Emilia Dinat é uma fotógrafa que encontrou na simplicidade a essência de seu trabalho. Com 16 anos de experiência na área, ela construiu uma carreira autêntica, inovando-se a cada momento. Além de ser uma profissional talentosa, Maria é mãe de três filhos, escritora e uma empreendedora nata, residente em Araraquara, São Paulo.


A trajetória de Maria Emilia Dinat tem uma profunda conexão com o projeto “Cria”. Sua carreira na fotografia reflete não apenas sua criatividade e inovação constantes, mas também sua capacidade de criar e moldar sua própria jornada, tanto na arte quanto na maternidade e no empreendedorismo. Maria personifica a ideia de criar algo autêntico e significativo, encontrando inspiração no mundo ao seu redor e compartilhando essa visão única através de suas fotografias e projetos. Conversamos com ela sobre sua trajetória e seus novos projetos, e sua história certamente irá inspirar você.

“Me inspira acordar e ver o céu mudar de cor, ver minhas filhas correndo (crescendo) no quintal, conhecer pessoas com brilho nos olhos. Me inspira ver a vida acontecendo e assim me demoro no tempo.”

Maria Emilia

F: Como e quando você começou na fotografia?

M: Eu tinha 21 anos quando fiz Panamericana em SP, incentivada pelo meu primo Guto, que dizia que minhas fotos do Orkut tinham sentimentos. Achei isso o máximo, porque fotografar era meu hobby favorito, e alimentava naquela época meu Flickr e Fotolog constantemente.

F: Qual é o estilo fotográfico que você mais trabalha atualmente?

M: Gosto de fotografar pessoas, mas também gosto de fotografar a luz dos lugares. Reparo em como ela desenha o ambiente, conta histórias. Fico hipnotizada e completamente encantada.

F: Poderia compartilhar um pouco sobre as técnicas fotográficas que você mais utiliza em seus trabalhos e por que as escolheu? 

M: Meu trabalho é muito simples, não gosto de usar luz artificial, não uso tripé. Às vezes, quando me contratam, chego com a câmera e a minha lente 35mm, e as pessoas me perguntam: ‘Quer ajuda para descarregar seus equipamentos?’ Falo que é ‘só isso’. Não tem segredo, não tem mistério. Fotografo o que a luz e as sombras me mostram. Amo as fotos da Vivian Maier, o olhar sensível do Sebastião. Acompanho o trabalho da Amy Woodward pelo Instagram, assim como das fotógrafas maravilhosas Sharon Eve, Ju Rizieri, Érika de Faria, Fernanda Petelinkar e muitas outras que me inspiram diariamente

Créditos- Maria Emilia

F: Você criou o curso “FotoClube: Curso Online de Fotografia com Celular”. Gostaríamos de saber, é possível capturar fotos profissionais de qualidade com um celular?

M:Essa palavra ‘profissional’ depende de quem está fazendo esse clique. Se a pessoa em questão é um profissional em fotografia, a resposta é sim, porque a câmera é uma ferramenta. O profissional saberá usar todos os recursos de um celular para fazer essa foto. Claro que os modelos variam, a qualidade do sensor, assim como os modelos das câmeras fotográficas para profissionais. A maioria das fotos do meu Instagram são feitas com a câmera do celular porque ele está sempre nas minhas mãos, e isso ajuda na espontaneidade para registrar o momento. Também já usei diversas fotos feitas com o celular para grandes impressões e confecção de fotolivros. Tudo depende da configuração e do seu olhar.

Para Maria Emilia Dinat, a distinção entre fotografar com uma câmera profissional e um celular vai além das especificações técnicas. Ela ressalta o peso de cada equipamento, a qualidade das lentes, o sensor e a rapidez do disparo como elementos que diferenciam as duas experiências. Embora reconheça o potencial tecnológico dos celulares, Maria encontra no uso do celular uma liberdade criativa. Para ela, fotografar com o celular é uma forma de terapia e de registrar os momentos do dia a dia de forma despretensiosa. Ao separar essas duas práticas, Maria consegue explorar diferentes aspectos de sua criatividade: enquanto o celular é uma brincadeira que aprimora seu olhar e treina sua percepção da luz, a câmera profissional assume um papel mais comercial e responsável, sendo utilizada em projetos específicos, onde há uma maior carga de responsabilidade e expectativas a serem atendidas. Essa distinção entre os dois meios de captura não apenas demonstra a versatilidade de Maria como fotógrafa, mas também revela sua capacidade de adaptar sua abordagem criativa de acordo com as demandas e contextos específicos de cada projeto.

Créditos- Maria Emilia

F: Poderia nos contar mais sobre o projeto “A Jornada do Olhar”? Como surgiu a ideia e o que te inspirou a criá-lo?

M: A Jornada do Olhar” é o título do livro que estou escrevendo desde a pandemia e nasceu dessa bagagem que cada um leva em seus olhos. Ninguém vê igual ao outro; todos estão construindo esse repertório. Algumas pessoas são mais sensíveis por consumir mais arte, estudar mais as cores, reparar no movimento das coisas. Espero orientar pessoas que querem encontrar a poesia dos dias na beleza do ordinário. A “Jornada do Olhar” futuramente será como uma escola virtual onde as pessoas poderão encontrar cursos online que ajudem neste caminho. Mas ainda está em fase de construção.

Créditos- Maria Emilia

Com o lema “vive encantando quem vê beleza no ordinário”, Maria revela não apenas sua sensibilidade artística, mas também sua habilidade em capturar momentos íntimos e construir memórias afetivas através de suas fotografias. Para a fotografa, a beleza está nos detalhes do cotidiano, nas pequenas coisas que muitas vezes passam despercebidas. Seu trabalho vai além de simplesmente registrar imagens; ela busca capturar a essência dos momentos, transformando o comum em extraordinário.