Uma Jornada Fotográfica na Documentação e Cultura de Rua

Rodolfo Texeira, de 33 anos, é natural do Rio de Janeiro e atualmente mora na Vila Kosmos, na Zona Norte da cidade. A trajetória de Rodolfo na fotografia começou a se delinear em 2016, quando uma foto sua foi selecionada para a exposição coletiva “Revelações Olímpicas”, que abordava os impactos negativos das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Participou com a fotografia intitulada “Pesadelo”, capturada durante seu trabalho de campo na Vila Autódromo, uma comunidade na Zona Oeste que enfrentou um intenso processo de remoção devido ao megaevento.

“Sou ambicioso, quero conquistar muitas coisas, me lembrando sempre – como um filho de Oxóssi – que um banquete não vale nada se você não tem com quem dividir.”

Rodolfo Teixera

Inicialmente, Rodolfo documentava os movimentos sociais como jovem antropólogo, utilizando um iPad. Este trabalho na Vila Autódromo continuou até o final de 2017, período em que colaborou com Ana Priscila Carvalho para organizar o acervo fotográfico de Luiz Cláudio, um dos líderes da comunidade e fotógrafo documentarista. Este esforço culminou em uma exposição individual no II Festival Interuniversitário de Cultura na UFRJ em 2017.

Foi no final de 2018 que Rodolfo começou a se ver como fotógrafo ao comprar sua primeira câmera, uma Canon T5i. Ele aprendeu a técnica fotográfica assistindo a vídeos no YouTube e começou a oferecer ensaios, desenvolvendo um interesse particular por retratos e fotografia de rua. Em 2019, trocou a T5i por uma Canon 60D e começou a explorar a fotografia analógica com uma Pentax K1000, comprada na Feira da Praça XV.

A pandemia de Covid-19 forçou Rodolfo a deixar a fotografia de lado temporariamente e vender seus equipamentos. No entanto, em 2022, ele retornou à prática fotográfica com uma Nikon D5200 e ideias renovadas sobre fotografia de rua, focando na representatividade da Zona Norte do Rio como uma cidade negra. Em 2023, ingressou na Escola de Fotografia Popular do Imagens do Povo, onde desenvolveu o projeto documental “Toda Encruzilhada é Caminho”, explorando corporeidades e rituais de autocuidado através da figura de Seu Zé Pelintra.

Rodolfo se considera um fotógrafo documental, mas busca expandir os limites do factual incorporando elementos estéticos diversos. Seu trabalho atual se concentra na fotografia de axé, culturas de rua e malandragem, com um interesse contínuo por retratos e fotografia fine art.

“Teci meu caminho na fotografia sempre articulando ela com antropologia e outros interesses. Não entendo a fotografia como uma linguagem autossuficiente, como se ela se bastasse naquilo que é dado a ver no quadro. Mas também não acho que uma fotografia deva ser explicada, esmiuçada pela fala ou pelo texto, por exemplo, no sentido de privilegiar uma linguagem à outra. Eu fotografo como uma forma de pensamento, com um exercício documental que quer ir além do acontecimento, e quando olho para uma imagem, minha ou de outras pessoas, me interessa o que está fora dela.”

Rodolfo Texeira

Seu objetivo é poder viver confortavelmente da fotografia, desejando que seu trabalho artístico e suas ideias negras contemporâneas gerem renda sustentável. Rodolfo aspira a conquistar reconhecimento e espaços em galerias, exposições e bienais, enfrentando os desafios de ser um artista negro no Brasil.

“Sou um homem negro querendo fazer arte, vocês sabem os atravessamentos disso, e vivo contanto que o reconhecimento amplo do que eu faço não venha só na velhice.”

Rodolfo Teixeira

Suas influências na fotografia incluem Pedro Siqueira, Helen Salomão, Ratão Diniz, Aline Motta, Márcio Vasconcelos, Ming Smith, Lita Cerqueira e Januário Garcia. Entre suas referências teóricas estão Leda Maria Martins, Edmilson de Almeida Pereira, Edouard Glissant e Saidiya Hartman. O trabalho de Rodolfo nos mostra que o verdadeiro diferencial de um fotógrafo não está apenas na habilidade de capturar uma boa foto, mas na capacidade de incorporar o que está ao seu redor e transcende a imagem. Sua trajetória na fotografia revela um olhar que vai além do enquadramento, trazendo autenticidade, verdade e poesia em cada clique. Para acompanhar o trabalho de Rodolfo Texeira, você pode segui-lo no Instagram @rodolfotxr e visitar seu site rtafotos.46graus.com.