As Mulheres no Mercado de Imagem – Entrevista com Ester Barros Bomfim

Hoje, o Projeto “Cria” da Revista FHOX tem o prazer de conversar com Ester Barros Bomfim, conhecida artisticamente como Ester de Oxum. Com 24 anos, Ester é natural de Itamaraju, Bahia, e atualmente reside em Salvador. Multiartista, ela se destaca no mundo audiovisual, provando que o essencial muitas vezes é a mensagem e a capacidade de criar, e não apenas os equipamentos que se tem à disposição. Vamos conhecer mais sobre sua jornada, inspirações e a forma única como ela integra suas diversas habilidades artísticas em seu trabalho.

Ester de Oxum Foto de Lucas Bomfim Lopes

“Acho que meu objetivo é me manter nesse sentido. Da ancestralidade como a origem do mistério (awo) e das tecnologias como um caminho para que essa mensagem seja difundida, sempre tomando o cuidado para que a minha imagem como mulher negra ocupe um lugar de centralidade na narrativa”

Ester de Oxum

F: Como e quando você deu início à sua jornada no mundo do audiovisual?

E: Comecei com o audiovisual, muito atravessada pelo interesse de catalogar o meu trabalho. Essa área ficou em evidência, sobretudo, na pandemia, em que os artistas de palco e corpo, perderam espaço para apresentar seus trabalhos. Foi um momento, em que coincidentemente, mergulhei no universo simbólico dos Orixás e por orientações espirituais, comecei a incorporar esses elementos na minha jornada de criação.

F: É evidente o cuidado que você tem na construção dos roteiros de seus vídeos. Como é produzir conteúdo audiovisual para as redes sociais diariamente?

E: Comecei produzindo documentários que colocassem em foco os orixás, as vivências de terreiro e a própria experiência estética nesse lugar de observação, me conduziu para tentar entender quais eram os meios e formatos de produção mais consumidos. O Instagram era, para mim, um lugar de diário visual, onde eu poderia trazer as narrativas quebradas que eram extraídas de documentos mais longos. 

F: O candomblé é uma temática recorrente em seu trabalho, mas além dela, o que mais inspira você a criar?

E: O próprio candomblé foi minha fonte de inspiração e fio condutor de água para que eu pudesse desaguar em outros campos, desse universo simbólico dos Orixás. Hoje, depois de beber de tantas fontes e referências diversas para produzir, o que me inspira, é o todo. Acredito, que a própria arte vai conduzindo a gente a se relacionar com o todo, mas minha necessidade de criação, quase uterina, pede retratos e enquadramentos internos antes dos desagues.

F: É notável sua habilidade em aproveitar ao máximo os recursos disponíveis nas suas produções. Poderia nos contar quais equipamentos e técnicas você utiliza nesses projetos?

E: Sou muito influenciada pelo que consumo. Hoje, tenho ido de forma muito intuitiva e me reinventado nas práticas de costume, fazendo uso das tecnologias disponíveis para criar. Conto com dois smartphones e tripé, mas dificilmente os utilizo, porque os próprios cenários que me encantam me possibilitam suporte para sustentar a câmera e produzir.

F: Você é uma artista multifacetada, como suas habilidades artísticas, como a pintura, influenciam e se integram ao seu trabalho no campo audiovisual?

E: É curioso, porque tudo começou com a arte visual. As minhas pinturas me deram a possibilidade de me enxergar nesse contexto de escrevivência, que Conceição Evaristo traz tão ricamente e que me influencia no meu processo de concepção dos trabalhos. As pinturas em movimento do audiovisual poderiam contar minhas histórias de uma forma mais integral e interativa com as pessoas que estavam do outro lado das telas.

F: Quais são seus objetivos atuais como produtora de conteúdo?

E: Ontem, ouvi de um amigo querido que admiro muito, o Felipe Guedes, que sou como uma mensageira dos tempos atuais, da nossa ancestralidade. Acho que meu objetivo e me manter nesse sentido. Da ancestralidade como a origem do mistério (awo) e das tecnologias como um caminho para que essa mensagem seja difundida, sempre tomando o cuidado para que a minha imagem como mulher negra ocupe um lugar de centralidade na narrativa. Essa mulher sem rosto, que acredita na importância da própria história e dos saberes que a cercam.

Convidamos todos a conhecerem o trabalho incrível de Ester de Oxum no Instagram. Através de seus vídeos, ela nos transporta para um universo rico em simbologia e espiritualidade, onde os Orixás e as vivências de terreiro ganham vida de maneira única e envolvente. Sigam seu perfil e mergulhem nas narrativas visuais que ela cuidadosamente constrói, mostrando que a essência da arte está na mensagem e na criatividade.