Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem sido um tópico central em muitas discussões, especialmente no campo da comunicação e do audiovisual. A cada novo avanço tecnológico, surgem questionamentos sobre o futuro de áreas como fotografia e vídeo. A rapidez com que a IA evolui deixa muitos profissionais desorientados e inseguros quanto ao futuro de suas carreiras. Aqui na Revista Fhox nossa equipe editorial, já abordou a questão em matérias como “A inteligência artificial e o futuro da publicidade cinematográfica”, “Como a inteligência artificial pode ser aliada do fotógrafo de casamento?” e “Transformações no Mercado de Comunicação: O Chat GPT vai tomar meu emprego?” com diferentes perspectivas sobre o assunto.
Desigualdade no Acesso à Inteligência Artificial no Brasil
Para discutir a inteligência artificial, é essencial considerar o contexto socioeconômico do Brasil. Historicamente, o país enfrenta uma profunda desigualdade, que também se reflete no acesso às novas tecnologias. Enquanto alguns fotógrafos e videomakers conseguem integrar rapidamente essas ferramentas em seus fluxos de trabalho, muitos outros profissionais talentosos ficam à margem, incapazes de competir por falta de recursos. Essa disparidade limita as oportunidades e pode aumentar ainda mais o fosso entre os que têm acesso à IA e aqueles que não têm.
No entanto, mesmo com os avanços tecnológicos, a IA não substitui a sensibilidade e o olhar único de um bom profissional. A ferramenta mais sofisticada não pode replicar a visão artística e a experiência que um fotógrafo ou cineasta traz para seu trabalho. Profissionais que sabem usar a tecnologia como aliada conseguem potencializar suas habilidades, enquanto aqueles que dependem exclusivamente da máquina podem não alcançar a mesma qualidade de resultado.
Como Integrar a Inteligência Artificial de Forma Eficiente?
É fundamental que os profissionais de comunicação vejam a IA não como uma ameaça, mas como uma ferramenta poderosa. Por exemplo, em vez de usar a IA para criar roteiros completos, por que não utilizá-la para organizar cenas de maneira mais eficiente? Ao invés de depender de softwares como Adobe para gerar imagens automaticamente, a IA pode ser utilizada para criar demonstrações e protótipos que auxiliem na apresentação de ideias a clientes, facilitando o processo criativo e de aprovação.
Um exemplo notável de uso criativo da IA vem da diretora de cena e artista visual Mayara Ferrão. Ela utiliza a inteligência artificial para ressignificar o afeto entre mulheres negras e originárias, em trabalhos como o filme “Lua de Mel” e a obra “Álbum de Esquecimentos”. Esses projetos demonstram como a IA pode ser uma ferramenta poderosa para a criação de narrativas que resgatam e valorizam histórias pouco contadas, oferecendo uma nova perspectiva sobre o passado e o presente.
O Papel do Profissional na Era da Inteligência Artificial
A escolha sobre como a inteligência artificial será utilizada ainda está em nossas mãos. Não podemos repetir o erro que cometemos com a internet, deixando para debater sobre seus impactos e regulamentações somente depois de perceber os danos causados. A discussão sobre os limites éticos e práticos da IA deve começar agora. Cabe a nós decidir se vamos permitir que essas tecnologias nos substituam ou se vamos integrá-las de maneira que potencializem nossas capacidades criativas.
A inteligência artificial, sem dúvida, está mudando o cenário da comunicação e do audiovisual. No entanto, seu impacto vai depender do nosso posicionamento e das escolhas que fazemos hoje. Precisamos nos conscientizar dos desafios e desigualdades que a IA pode exacerbar, mas também aproveitar as oportunidades que ela oferece para inovar e criar. A pergunta que devemos fazer não é se a IA substituirá os profissionais de fotografia e vídeo, mas como podemos utilizá-la para enriquecer e expandir nossa capacidade de contar histórias autênticas e poderosas.